sábado, 5 de julho de 2008

Chirino defende uma alternativa revolucionária para os trabalhadores da América Latina


No início da segunda noite do 1º Congresso da Conlutas, o dirigente da União Nacional dos Trabalhadores (UNT), da Venezuela, Orlando Chirino, defendeu a construção de uma alternativa revolucionária para os trabalhadores da América Latina. Ele acredita que o Encontro Latino-Americano e Caribenho de Trabalhadores (ELAC), que se inicia no dia 7 de julho, também em Betim, será um espaço importante para o fomento do debate sobre esta construção.

Chirino foi o convidado especial do debate chamado pelas correntes Unidos Pra Lutar, Conspiração Socialista e Frente de Oposição Socialista, intitulado "Os trabalhadores e o Desafio da Revolução Venezuelana". O debate foi a primeira parte da recepção à delegação venezuelana, que continua no final da noite com a realização de uma festa caribenha, que promete salsa e merengue como forma de socialização cultural.

“Participar do I Congresso da Conlutas é uma alegria. Fico contente de saber que há também aqui uma visão de independência de classe”, disse Chirino. Ele lembrou a trajetória que levou os trabalhadores venezuelanos a fundar a UNT e, depois, a corrente político-sindical C-CURA (Corrente Classista Unitária Revolucionária e Autônoma).

“A UNT foi fundada em um contexto de confrontação [do golpe de estado patrocinado pelo imperialismo, em 2002] e sob um programa calcado na independência de classe, de caráter internacionalista e com total autonomia em relação ao Estado, governos e patrões”, afirmou o dirigente.

“Entretanto, no segundo congresso da UNT, em 2006, convocado no intuito de ratificar o seu caráter, veio à tona a intenção do governo Chavez e de um setor da entidade de acabar com a sua autonomia frente ao governo”, contou. Foi neste momento em que a C-CURA foi fundada, no intuito de combater qualquer tentativa de controle por parte do governo sobre o movimento sindical.

“Paralelo a isto, o governo Chavez, ao invés de aprofundar o desmantelamento do estado burguês para a construção do estado socialista, optou por uma reforma do estado que aumentou seu poder enquanto presidente e iniciou uma nova etapa de seu governo, de acordos com a burguesia”, disse Chirino.

Outra denúncia feita pelo dirigente durante o debate foi a perseguição que Chavez tem empreendido aos dirigentes sindicais críticos de seu governo desde então – ele próprio foi demitido da estatal petroleira venezuelana, PDVSA, por motivos políticos, que resultou em uma grande campanha internacional por sua reincorporação.

Uma das polêmicas protagonizadas pelos participantes do Congresso durante os GTs da manhã foi reavivada no debate: no bloco das perguntas, Chirino foi provocado por alguns delegados a opinar sobre a possibilidade do Congresso da Conlutas aprovar uma resolução de continuidade do debate sobre os governos Evo, Correa e Chavez ou optar desde já por um posicionamento contrário. O dirigente respondeu: “Sou contra a possibilidade deste Congresso não se posicionar, especialmente em relação ao governo Chavez”. A resolução em questão faz parte do eixo de conjuntura internacional e será votada no domingo, último dia do Congresso.

Perguntado sobre o governo Lula, o sindicalista foi taxativo: “É burguês e imperialista [referindo-se, principalmente às tropas brasileiras no Haiti]. Se não temos confiança em Chavez, tampouco teríamos em Lula”.

Chirino finalizou com entusiasmo, defendendo uma ferramenta partidária para o movimento combativo dos trabalhadores venezuelanos: “existe uma enorme possibilidade de mobilização das massas para a construção de um partido revolucionário capaz de tomar o poder e erradicar a exploração, construindo o socialismo”. Prometeu aprofundar este debate no ELAC.

A platéia respondeu com o grito uníssono: “Venezuela, revolução! Trabalhadores em ação!”.

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