domingo, 6 de julho de 2008

Metalúrgicos brasileiros e alemães unidos na luta e no 1° Congresso da Conlutas

O 1° Congresso da Conlutas, que termina hoje, promoveu uma grande quantidade de encontros que fortalecem a construção de uma alternativa combativa para a luta dos trabalhadores.

Exemplo disto é a unidade que começou a ser constituída durante o evento entre trabalhadores metalúrgicos do Brasil e da Alemanha. Uma delegação composta por oito trabalhadores da fábrica da Volkswagen de Hannover, na Alemanha, e representantes dos trabalhadores das fábricas da GM de Gravataí/RS e de São José dos Campos/SP, da Ford de Camaçari/BA, da oposição da Volks de São Bernardo do Campo e Taubaté compartilharam de suas lutas, desafios, conquistas e começaram a construir um combate conjunto à exploração comum.

As discussões aconteceram nas conversas no decorrer do congresso e em uma reunião realizada neste domingo, no horário do almoço.

Mesma exploração, mesma luta
“Nós estamos aqui porque as condições de trabalho nas fábricas da Alemanha são péssimas. Viemos confrontar as realidades e descobrir como são as condições aqui e quais as alternativas que os trabalhadores daqui estão buscando para combater a situação de superexploração”, explicam os metalúrgicos alemães, todos da base do IGMetall, o sindicato dos metalúrgicos da Alemanha, que conta com a filiação de mais de 90% dos funcionários da Volks.

Os representantes da oposição do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Marlon Ripel Alves e André Branco, colocam que os trabalhadores da GM de Gravataí, além do desafio de derrotar a retirada de direitos empreendida pela empresa, têm ainda outra situação a enfrentar, conforme denuncia Marlon: “O sindicato [filiado à Força Sindical], é tendencioso a favor da empresa e tem um relacionamento muito próximo com o empresariado local”.

A delegação alemã ouviu dos companheiros brasileiros algumas conquistas que estão sendo construídas aqui. “Estamos impressionados com o progresso da luta dos trabalhadores da GM daqui”, dizem os alemães, referindo-se à vitória do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos contra o banco de horas da GM e à criação da Associação dos Portadores de Doenças Ocupacionais e Vítimas de Acidentes de Trabalho do Rio Grande do Sul, obra dos trabalhadores da GM de Gravataí.

“A ADAT nasceu devido à organização dos trabalhadores, do descontentamento com as posturas do sindicato e da necessidade de criar um órgão para a gente começar a se organizar”, conta Marlon. "Além de dar amparo ao trabalhador com doença ocupacional, pretende organizar os trabalhadores de CIPAS para fazer oposição não só na categoria dos metalúrgicos, mas também em outras categorias, como borracha, transporte, comerciários, etc., para alavancar uma ação mais ampla dos trabalhadores combativos”.

Os metalúrgicos de Hannover estão empolgados com a possibilidade de levar a idéia da ADAT para sua categoria: “Achamos a criação da ADAT maravilhosa e queremos introduzir essa idéia na nossa base e depois expandir isso para outras fábricas”.

“Nossa intenção é levar as discussões que aqui tivemos para os trabalhadores da Alemanha e, com essas idéias, tomar parte nas decisões dos conselhos deliberativos de fábrica, a fim de fortalecer a luta por saúde e melhores condições de trabalho”.

"A política de ataques da patronal atinge todos os trabalhadores, sempre com o objetivo de reduzir direitos e aumentar a exploração. A luta que travamos recentemente na GM de São José é um exemplo disso. Por isso, consolidar uma unidade internacional entre os trabalhadores e globalizar as lutas é fundamental", afirma o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Vivaldo Moreira.

O papel da Conlutas
Os metalúrgicos gaúchos acreditam que as experiências que levarão do congresso contribuirão bastante para a organização dos trabalhadores em Gravataí, ampliando os debates na fábrica e também o horizonte.

“A Conlutas tem papel fundamental na luta da construção do socialismo em nível regional, nacional e mundial”, acredita Marlon. “Achamos esse movimento que a Conlutas está construindo muito importante e esperamos que a Conlutas se internacionalize e atue, principalmente, nos demais países da América Latina”, torcem os alemães.

A luta continua, agora mais forte
Seja Brasil ou Alemanha, GM ou Volks, todos são unânimes: o desafio urgente de suas categorias é derrotar a ganância das empresas que, em nome do lucro sem fim, exigem o máximo de produtividade em detrimento da saúde e dos direitos dos trabalhadores. Para André, “a globalização da exploração capitalista precisa ser combatida com a globalização da luta dos trabalhadores. Não adianta unificar a luta somente em um país, a descentralização das montadoras e outros ramos de atividades capitalistas é muito grande na atualidade”.

“Vamos continuar lutando, em contato com os colegas do Brasil e os colegas de outros países que quiserem se unir para que possamos resolver esses problemas que nos são comuns”, prometem os alemães. Os trabalhadores de Gravataí receberam um convite para ir à Alemanha em 2009, para acompanhar o andamento do trabalho dos companheiros de luta.

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