quinta-feira, 3 de julho de 2008

ENE reúne 800 ativistas

O Encontro Nacional de Estudantes (ENE), realizado no dia 2 de julho em Sarzedo (MG), reuniu cerca de 800 pessoas de todo o país. A abertura do evento, com a apresentação de um vídeo da greve da Fundação Santo André, do ABC paulista, demonstrou o espírito de mobilização da atividade.

Na mesa de abertura, fizeram saudações a Executiva Nacional de Letras (Exnel) e a Conlutas. O representante da Exnel relatou a importância de estar acontecendo o encontro, sobretudo pela forma como foi construído. A idéia surgiu a partir de reuniões, convocadas inicialmente pela executiva, para debater a reorganização do movimento estudantil.

Atenágoras Lopes falou representando a Conlutas. Em sua fala, destacou a importância da unidade entre estudantes e trabalhadores. Para ele, é necessário que “os estudantes comprem como sua a luta da classe trabalhadora e que a classe trabalhadora também assuma a luta pela defesa da educação”. Ele elogiou, ainda, as ocupações de reitorias que, na sua opinião, “resgataram métodos de luta da classe trabalhadora”.

Um encontro representativo
Mais de 30 entidades estudantis estavam representadas. Entre elas, a Exnel, os DCEs da UFMG, UFRJ, UnB, UERJ, a Oposição ao DCE da USP “Nada será como antes”. Delegações internacionais, vindas da Argentina, Equador, Chile e Costa Rica, também estiveram presentes e fizeram saudações.

Foram apresentados quatro textos de contribuição ao encontro. Eles refletem as diferentes posições sobre quais as saídas para melhor mobilizar os estudantes.

“O encontro foi uma grande vitória”, disse Camila Lisboa, da Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes (Conlute). Ela acredita que o ENE “refletiu, pelas saudações e pelo debate, o novo momento do movimento estudantil desde a ocupação da USP, uma maior radicalização e mobilização e um questionamento aos projetos do governo Lula que atacam a educação”.

Resoluções
Após os debates, foram votadas algumas resoluções. Dentre elas, duas merecem destaque. A primeira delas foi a elaboração de um plano de lutas que terá como eixo a mobilização contra o ReUni. Os estudantes vão propor ao congresso da Conlutas que esse plano seja incorporado ao calendário de lutas da entidade.

Para concretizar o plano de lutas, os estudantes votaram uma jornada de mobilizações em agosto e a participação no Grito dos Excluídos em setembro. Além disso, deverão ocorrer plenárias e encontros estaduais que organizem os estudantes espalhados por todo o país.

A segunda resolução foi a indicação para que todas as entidades discutam a construção de um congresso nacional de estudantes para armar e organizar as lutas. O objetivo central desse congresso será debater amplamente uma resposta para organizar os estudantes após a falência da UNE como representante do movimento estudantil.

“O congresso deve refletir todos os setores em luta e a pluralidade de concepções de organização do movimento estudantil”, disse Camila. Ela também disse que, apesar de diferenças sobre os ritmos e as formas de organização, numa coisa todos têm acordo: é necessário construir uma alternativa à UNE, hoje defensora do governo federal e das políticas de precarização e privatização do ensino.

Uma alternativa nova para um movimento novo
Durante o ENE, o movimento dos estudantes secundaristas realizou uma plenária própria. Na opinião da estudante Aline Klein, do grêmio estudantil da escola Brasílio Machado (SP), este espaço superou uma dificuldade histórica dos secundaristas ao nacionalizar a perspectiva das lutas.

Aline acredita que o encontro foi fundamental para fazer avançar o curso desse novo movimento estudantil que se fortalece desde a ocupação da USP. “Esse movimento é novo porque consegue superar a burocracia que se instalou nas entidades estudantis nos últimos vinte anos e fazer a luta que precisa ser feita” explica Aline, para completar: “para este movimento novo, precisamos de uma alternativa de organização nacional”.

Para Joana Salay, estudante da Fundação Santo André, o saldo principal do encontro foi justamente o encaminhamento da construção de um congresso que possa concretizar a organização nacional dos estudantes em torno de uma pauta unificada de mobilização.
“O encontro foi bastante representativo, com a participação dos grupos que realizaram as principais lutas do movimento estudantil em 2007 e 2008”, comemora Joana. Esta representatividade, ela quer ver estendida no I Congresso da Conlutas para a construção de uma forte aliança operária-estudantil.

Uma marcha para todos e todas
A aproximação da luta dos trabalhadores é, ainda segundo a secundarista Aline Klein, uma das características que diferenciam essa nova fase do movimento estudantil. As expectativas da estudante para o I Congresso da Conlutas vão nesse sentido: “Queremos ajudar a construir a Conlutas, trazer para cá os saldos do encontro e fortalecer a aliança operária-estudantil, para que possamos, estudantes e trabalhadores, marchar juntos”.

Cerca de metade dos participantes do ENE eram delegados ao 1º Congresso da Conlutas. Eles permaneceram em Minas e participam do evento que começa nesta quinta-feira (3/7).

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