sábado, 5 de julho de 2008

“Meu trabalho é levar a mensagem”

O Encontro Latino-Americano e do Caribe (Elac), que acontece nos dia 7 e 8 de julho, e reunirá trabalhadores de toda a América Latina, além de convidados de outros continentes, fez com que a equipe de organização se preocupasse ainda mais com o serviço de tradução do português para o espanhol e o inglês, e vice-versa.

Mesmo antes do Elac ter início, a tradução já começou a funcionar porque boa parte das delegações estrangeiras já chegou ao 1º Congresso da Conlutas no seu segundo dia.

Um dos trabalhadores que atuam como tradutor contou sobre a experiência de traduzir simultaneamente um dos debates mais importantes no processo de reorganização da classe trabalhadora brasileira e latina.

Ciro Cornélio Aquino Morin é um venezuelano que reside há 12 anos no Brasil, especificamente em São Paulo, e que pela primeira vez trabalha num congresso de trabalhadores desta dimensão.

As dificuldades da tradução entre um evento qualquer e um evento que reúne trabalhadores de distintas organizações, diz ele, é “que há um construto de linguagem do sindicalismo que outras agrupações não possuem. É uma linguagem com termos específicos”.

Outro aspecto que Ciro destaca é o fato de não poder se envolver no debate elevando o tom de voz como fazem os camaradas que estão intervindo. “Estou trabalhando para levar a linguagem, a mensagem e não avaliá-la”, disse.

“Temos o cuidado fundamental de manter o tom de voz, enquanto os que falam ao microfone estão utilizando técnicas de agitação, nós temos de manter uma plano, uma constância no falar, mas há uma tendência em repetir o estilo oratório. Isso não funciona no ouvido”, explicou.

Sobre o problema das gírias que acabam por fazer parte da intervenção de muitos camaradas, Ciro diz que procura aproximar uma equivalência entre o espanhol argentino e o venezuelano que contemplam a compreensão da maior parte dos latinos.

“O ô meu usado pelos paulistanos, eu traduzo como pana, que equivale a compadre, amigo. É lógico que depende do contexto, mas sempre acaba funcionando”. A dica é procurar sempre um idioma standard “e usar o dicionário mesmo”. Por fim, a tradução só funciona, garante o venezuelano, quando o parceiro de cabine também está afinado.

Por Gislene Bosnich

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